GENEROSA AMÉLIA, 1ª PREFEITA DO CEARÁ E 2ª PREFEITA DO BRASIL

sábado, 12 de agosto de 2023

GENEROSA AMÉLIA DA CRUZ

 


GENEROSA AMÉLIA DA CRUZ , PRIMEIRA PREFEITA DO ESTADO DO CEARÁ (SANTANA DO CARIRI) E A TERCEIRA PREFEITA DO BRASIL


PATRONA DA CADEIRA Nº 12, OCUPADA PELO ACADÊMICO RAIMUNDO SANDRO CIDRÃO (FOTO ACIMA) - ALB/SECCIONAL ARARIPE-CEARÁ

 

Generosa Amélia da Cruz, filha de Francisco da Cruz Neves e Raimunda Carcelina da Cruz, nasceu no dia 22 de junho de 1872, em Redenção-CE, antiga Acarape, cidade conhecida por “Roseiral da Liberdade”, pelo fato de em 1883, ali ter sido libertados todos os seus escravos, servindo de exemplo pioneiro. Teve seis irmãos, e mais quatro do segundo casamento de seu pai com Mariquinha Leite Cruz.

Contam seus contemporâneos, familiares, amigos e todos que a conheceram e conviveram com esta extraordinária mulher, que eram múltiplas suas qualidades. Possuidora de convicções e valores religiosos muito fortes, Generosa Amélia era uma pessoa devocionada, corajosa, determinada, solidária; rígida e ao mesmo tempo afável.

 

Descendente da árvore genealógica dos “Terésios” - nome dado à estirpe dos familiares do Engenho de Santa Tereza, do município de Missão Velha -, aos 15 anos de idade Generosa Amélia casa-se com seu tio Felinto da Cruz Neves, com então 30 anos. Fato ocorrido na cidade de Crato-CE, no dia 19 de maio de 1888, coincidentemente seis dias após a promulgação da Lei Áurea, pela Princesa Isabel. Julgando-se amadurecida o bastante, achava estar pronta para assumir as obrigações de cônjuge e dona de casa, ao lado de um homem trabalhador; bem sucedido agricultor e pecuarista; influente politicamente, na bucólica e emergente cidade de Santana do Cariri. Para Santana trouxe os sonhos de uma jovem e dedicada esposa e as lembranças de Redenção e seus primeiros albores na serrana Acarape.

A Casa Grande, marco da arquitetura neoclássica construída pelo coronel Felinto, passa a ser seu lar, o qual dividia com empregados e parentes. Esse local também se tornou centro das decisões sociopolíticas do município; por onde passaram governadores, prefeitos, deputados, senadores, militares, bispos, padres, religiosos e todos os filhos de Senhora Sant’Ana, que diariamente enchiam esta “casa do povo”, principalmente a gente simples e humilde.

No ano de 1936, enfrentou o maior desafio de sua vida: a morte do seu marido, Felinto da Cruz Neves, coronel da Guarda Nacional. Na tarde de eleições do dia 29 de março, candidato já eleito pelo Partido Republicano Trabalhista, apoiado pela LEC - Liga Eleitoral Católica, foi traiçoeiramente assassinado, por plano previamente traçado por seus opositores e adversários políticos.

Viúva e sem filhos, tornou-se uma mulher triste, mas de cabeça erguida, cumprindo e fazendo cumprir o desejo do seu marido de que “não queria vingança”. E assim foi feito. Dedicou-se a dar aulas gratuitamente para jovens, bem como de catecismo para as crianças em preparação para a primeira comunhão. Encontrou no recolhimento, na oração e nos afazeres da matriz local, o lenitivo para aplacar a dor de sua solidão.

 

Nomeada prefeita de Santana do Cariri-CE, no dia 22 de junho de 1936, quatro meses após o rude golpe da morte do Coronel Felinto, Dona Generosa, como era chamada, assume os destinos do munícipio e o compromisso em dar continuidade ao trabalho do esposo, fazendo muitos amigos em sua vida pública. Exerceu sua administração municipal com altivez, bom senso e sabedoria.

Naqueles recuados tempos, no qual o papel da mulher se restringia às tarefas domésticas e do lar, enfrentou o gigantesco trabalho de administrar pioneiramente um município, passando para os anais da história política como a primeira prefeita de Santana, do estado do Ceará, e a segunda do Brasil. Um verdadeiro orgulho para todos os filhos das terras santanenses.

Após o cumprimento dessa missão desafiadora, mormente para uma mulher naquela época e naquelas circunstâncias, que se prolongou até o dia 31 de dezembro de 1938, sob o comando de Getúlio Vargas e do Estado Novo, e, às vésperas da Segunda Grande Guerra Mundial, Generosa Amélia da Cruz resolveu afastar-se do envolvimento direto com a política. Passou, então, a poiar e incentivar parentes e correligionários, preparando-os para as mudanças que certamente haveriam de acontecer na composição das forças políticas do estado.

Para minimizar a solidão dedicou-se a ensinar aos jovens e a dar aulas de catecismo, em sua própria casa; aos ensaios da coroação, lapinha e das festas da padroeira; aos cânticos e hinos da nossa cultura religiosa. Devotou especial carinho pela Cruzada Eucarística, que tinha o nome de Santa Terezinha, por quem nutria fervorosa devoção, assim como aos cuidados com seu altar na Igreja Matriz de Senhora Sant’Ana, onde revigorava suas forças e encontrava a paz.

Velha e adoentada, aleijada de uma perna, quase cega, andando auxiliada por caridosas mãos, partiu para Juazeiro do Norte, com o objetivo de ter uma morte tranquila, e ficar com seus familiares nos últimos meses de vida. Percebeu que seu acerto de contas com o Criador estava próximo. Com humildade e resignação se preparou para sua última viagem.

Com sapiência e justiça, em seu testamento, deixou o Casarão para a Diocese de Crato, para fins religiosos e culturais. A Diocese, alegando não ter recursos para sua manutenção, o devolveu à família “Cruz”.  Como expressava esse documento, nesse caso ficaria o imóvel, que outrora foi lar, templo, escola e fortaleza, como um bem perpétuo para os familiares, que fosse passado de geração para geração.

Dona Generosa veio a falecer, lúcida e serenamente no dia 18 de agosto de 1961, com 89 anos. Seu corpo encontra-se sepulto no Cemitério São Miguel em solo santanense, no jazigo da família.

FONTE – BLOG DO SANDRO  CIDRÃO

GENEROSA AMÉLIA DA CRUZ

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